domingo, 10 de janeiro de 2016

Orientações da Igreja aos casais em segunda união


Os casais de segunda união não devem se afastar da Igreja

Na Exortação Apostólica do Papa João Paulo II, a “Familiaris Consortio” (Sobre a Família), o saudoso Papa polonês deixou orientações claras, da Igreja, sobre esses casais. São pessoas divorciadas que contraíram nova união fora da Igreja. O Pontífice pediu que eles “não se considerem separados da Igreja, podendo, e devendo, enquanto batizados, participar na sua vida. Sejam exortados a ouvir a Palavra de Deus, a frequentar o Sacrifício da Missa, a perseverar na oração, a incrementar as obras de caridade e as iniciativas da comunidade em favor da justiça, a educar os filhos na fé cristã, a cultivar o espírito e as obras de penitência para assim implorarem, dia a dia, a graça de Deus. Reze por eles a Igreja, encoraje-os, mostre-se mãe misericordiosa e sustente-os na fé e na esperança” (n.83). São palavras claras.



Mas o Santo Padre deixa claro o seguinte: “A Igreja, contudo, reafirma a sua práxis, fundada na Sagrada Escritura, de não admitir à Comunhão Eucarística os divorciados que contraíram nova união. Há, além disso, um outro peculiar motivo pastoral: se se admitissem estas pessoas à Eucaristia, os fiéis seriam induzidos em erro e confusão acerca da doutrina da Igreja sobre a indissolubilidade do matrimônio”.

E explicou que só poderiam se confessar e comungar, “quando o homem e a mulher, por motivos sérios – por exemplo, a educação dos filhos – não se podem separar, «assumem a obrigação de viver em plena continência, isto é, de abster-se dos atos próprios dos cônjuges». João Paulo II proíbe os pastores, por qualquer motivo ou pretexto, mesmo pastoral, de fazer, em favor dos divorciados que contraem uma nova união, cerimônias de qualquer gênero, porque estas dariam a impressão de celebração de novas núpcias sacramentais válidas, e consequentemente induziriam em erro sobre a indissolubilidade do matrimonio contraído validamente. E termina afirmando que “mesmo aqueles que se afastaram do mandamento do Senhor e vivem agora nesse estado, poderão obter de Deus a graça da conversão e da salvação se perseverarem na oração, na penitência e na caridade”.

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) repete esta mesma orientação nos parágrafos 1651 e seguintes. O Papa Bento XVI confirmou esse ensinamento. Esses casais podem e devem verificar se o primeiro casamento deles foi válido. Se for o caso podem entrar com a Petição no Tribunal da Igreja para solicitar a Declaração de Nulidade de seus casamentos. Muitas são as razões que podem levar o Tribunal a declarar a nulidade de um casamento. Como recomendou o Papa João Paulo II esses casais não devem se afastar da Igreja, e devem pedir a Deus, sem cessar, a graça de resolverem essa situação. E que as comunidades os ajudem.



Felipe Aquino - Cançao Nova.


Sacerdote, o procurador da misericórdia de Deus


O sacerdote, no momento da confissão, é como um procurador
Quem nunca ouviu alguém dizer: “Eu não vou me confessar com um homem, um pecador. Jamais!”. Além dessas pessoas, existem aquelas que não se confessam por vergonha; outras, porque acham que não precisam se confessar. Enfim, os motivos são muitos, mas, de todos os motivos, o mais grave, ou talvez que faça parte de todos os outros, é a falta de conhecimento.





O que você acha de conhecer a real importância da confissão?

Todo ser humano tem necessidade de compartilhar com outro algo que está vivendo, sobretudo algo complicado, um erro, por exemplo. Já percebeu que, quando você faz alguma coisa errada, sempre procura alguém e lhe pede: “Não conte para ninguém”. Então, você fala tudo para essa pessoa. Não é verdade que, muitas vezes, depois de conversar, você se sente um pouco mais leve? É mais ou menos assim que acontece com a confissão, mas com algumas vantagens.

Não precisa pedir sigilo ao padre

A primeira vantagem da confissão é que você não precisa pedir sigilo ao padre, porque este não pode falar nada a ninguém, não importa o que aconteça. Segundo: quando você fala com uma pessoa qualquer, ainda continua com uma grande culpa pesando sobre você, mas quando você se confessa com o padre, na verdade, está se confessando com Jesus.

O sacerdote é como um procurador

O sacerdote, no momento da confissão, é como um procurador. Quando alguém está doente e não pode ir ao banco nem resolver situações jurídicas, este faz uma procuração e o procurador pode agir civilmente em nome do enfermo. Assim também é o sacerdote. Não importa se a pessoa que está com a procuração tem dinheiro no banco, o que importa mesmo é se quem fez a procuração tem dinheiro no banco; e para nós quem fez a procuração foi Jesus, e Este é riquíssimo em santidade e misericórdia. Portanto, pecado confessado, com arrependimento no coração, é pecado perdoado. Além do mais, o Senhor mesmo nos disse para procurarmos os padres e a Igreja, a fim de nos confessarmos (cf. Jo 20,23).

O sacerdote não tem poder por si mesmo

Como dizia o nosso saudoso padre Léo: “Quem se confessa é absolvido, e quem não se confessa é absorvido”. Não seja absorvido pelo mal, pelo passado, pelos pecados; não espere a santidade do padre para se confessar, pois, por mais santo que ele possa ser, nunca poderá ter o poder por ele mesmo para perdoar você. O sacerdote é constituído e querido por Jesus, é o “procurador”, aquele quem tem a procuração da Misericórdia de Deus. Procure o padre, não tenha vergonha ou medo, pois a confissão é o ato por meio do qual você se acusa, mas não é acusado; expõe-se, mas não é exposto; pelas palavras, condena, mas não é condenado. Entra como réu confesso e sai absolvido pelo procurador da misericórdia do Senhor.
Deus o abençoe!

Autor: Padre Sóstenes Vieira – Missionário da Comunidade Canção Nova na Terra Santa.

O casamento não é uma "missão impossível"

O casamento não é uma "missão impossível"De fato, o casamento pode se tornar uma “missão impossível” se o casal rejeitar os auxílios da graça de Deus

“Não é bom que o homem esteja só. Vou fazer uma auxiliar que lhe corresponda” (Gen 2,18). A mulher que Deus “modelou” da costela do homem e que levou a ele, arrancou dele um grito de admiração, uma exclamação de amor: “É osso de meus ossos e carne de minha carne” (Gn 2,23).


Deus criou o casal humano para uma “comunhão de pessoas” no matrimônio e os uniu de modo que, formando “uma só carne” (Gn 2,24), possam transmitir a vida humana: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra” (Gn 1,28). O homem e a mulher, como esposos e pais, cooperam de forma única na obra do Criador. Ai está toda a beleza que Deus quis para o casal humano; fez dele a fonte do amor e a “nascente da vida”. Cristo elevou o casamento entre os batizados à dignidade de sacramento.

A sagrada Escritura abre-se com a criação do homem e da mulher à imagem e semelhança de Deus fecha-se com a visão das “núpcias do Cordeiro” (cf. Ap 19,7). Toda a Sagrada Escritura fala do casamento e de seu “mistério”, de sua instituição e do sentido que lhe foi dado por Deus, de suas dificuldades provenientes do pecado e da sua renovação “no Senhor” (1Cor 7,39).

Deus é o autor do matrimônio; o casamento não é uma instituição simplesmente humana. “Por isso um homem deixa seu pai e sua mãe, se une à sua mulher, e eles se tornam uma só carne” (Gn 2,24).

O pecado instaurou também no casamento a desordem. Tendo sido uma ruptura com Deus, a primeira consequência foi a quebra da comunhão original do homem e da mulher. Para curar as feridas do pecado, o homem e a mulher precisam agora da ajuda da graça que Deus, que em sua misericórdia infinita, não nos recusa. Sem esta ajuda, homem e a mulher não podem chegar a realizar a união de suas vidas para a qual foram criados “no princípio”. Sem Cristo, o casamento não perdura. Por isso Ele o transformou em sacramento. Um casal sem Deus é um casal fraco.

De fato, o casamento pode se tornar uma “missão impossível” se o casal rejeitar os auxílios da graça de Deus; pois o pecado os vencerá. Para ser uma missão bela e saudável, o casal precisa fazer do seu lar um “espaço de Deus”. Então, o casamento, mesmo após advento do pecado, se torna uma “escola de amor” onde se aprende a vencer a centralização em si mesmo, o egoísmo, a busca do próprio prazer, e a abrir-se ao outro, à ajuda mútua, ao dom de si.

Não foi sem razão que Jesus começou sua vida pública realizando seu primeiro milagre, a pedido de Sua Mãe, por ocasião de uma festa de casamento. É a confirmação de que o casamento é uma realidade boa e um sinal eficaz da presença de Cristo.

Jesus veio para restabelecer a ordem inicial da criação perturbada pelo pecado; então, é Ele mesmo quem dá ao casal a força e a graça para viver o casamento na nova dimensão do Reino de Deus. Seguindo a Cristo, renunciando a si mesmo e tomando cada um sua cruz, os esposos poderão “compreender” o sentido original do casamento e vivê-lo com a ajuda de Cristo.

São Paulo mostra que a união de Cristo com a Igreja é uma aliança matrimonial: “E vós, maridos, amai vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, a fim de purificá-la… É grande este mistério: refiro-me à relação entre Cristo e sua Igreja” (Ef 5,24-32). O Matrimônio cristão é um sinal eficaz da aliança de Cristo e da Igreja.

O casal cristão, diante de Deus que os uniu para sempre, para serem esposos, pais e mães, precisam se esmerar no cuidado do casamento. Que jamais haja infidelidades conjugais, nem por pensamentos, palavras ou atos. A infidelidade é a morte do casamento. O casal não pode ser inocente se arriscando em aventuras com outras pessoas; a infidelidade começa muitas vezes com uma relação inocente que termina na infidelidade conjugal.

Dicas para viver bem:

– O casal precisa investir um no outro e no lar. Os matrimônios fortes se constroem passando tempo juntos; faça do tempo de convivência juntos uma prioridade, juntamente com os filhos.

– Não fique ressaltando as falhas de seu cônjuge e fazendo reprovações, isso faz com que outras pessoas te pareçam mais atraentes. Valorize mais as qualidades do outro e diminua as críticas. Não faça comparações com outros casais. Com as outras pessoas você não está vivendo um mundo real; é sonho.

– Quando houver necessidade, busquem ajuda. Isso não é um sinal de fraqueza. Um terapeuta familiar cristão ou um bom conselheiro, ajudam a pensar, a buscar soluções.

– Mantenha um lar alegre, com bom humor; elimine a reclamação e a lamúria. Alegria e bom humor são terapia. Saiba dar um sorriso mesmo nas horas amargas. E não esconda seus sentimentos; porque reprimi-los fazem mal e geram brigas. Seja transparente com o outro para ganhar a sua confiança.

– Cuide da vida sexual, mais do que a união de dois corpos é a união de duas almas que se amam e que se compromissaram uma com a outra por toda a vida. Cuidem bem um do outro, com todo amor, carinho, respeito, bondade, paciência, tolerância, maturidade e responsabilidade. Tudo isso faz o casal cumprir essa bela missão que Deus lhes deu de constituir uma família feliz. Eu pude viver quarenta anos essa realidade e posso dizer que é uma das melhores realizações desta vida. Nós amamos e nos realizamos com aquilo que construímos com nossa dedicação e amor.

Já foi dito que “quem caminha sozinho pode até chegar mais rápido, mas aquele que vai acompanhado com certeza chegará mais longe…” A paciência pode ser amarga, mas seus frutos são doces.


Felipe Aquino