sábado, 1 de março de 2014

Vaticano: pesquisa sobre as famílias revela sofrimento e exclusão

 

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     Os 69 cardeais e 150 prelados reunidos em Consistório com o Papa Francisco na semana passada analisaram parte das respostas à pesquisa enviada às dioceses do mundo sobre a família. Em entrevista ao L’Osservatore Romano, o secretário-geral do Sínodo dos Bispos, cardeal Lorenzo Baldisseri, afirmou que as respostas demonstram “muito sofrimento” daqueles que não se sentem parte da Igreja.

        “As respostas apresentam muito sofrimento, sobretudo da parte dos que sentem excluídos ou abandonados pela Igreja por se encontrarem num estado de vida que não corresponde à sua doutrina e à sua disciplina”, disse o cardeal Lorenzo Baldisseri.
De acordo com o boletim da Sala de Imprensa divulgado ontem, 26 de fevereiro, o índice de retorno foi considerado altíssimo.  “O projeto de resumo das respostas recebidas foi apreciado por unanimidade. A partir dele, temos a voz da Igreja em todos os seus componentes e a variedade de situações contextuais, no que diz respeito à urgência de proclamar o Evangelho e dar um novo impulso da família e sobre os desafios e as dificuldades associadas com a vida familiar e suas crises potenciais”, revela o documento.

            A partir da análise da pesquisa, será realizado o Sínodo dos Bispos em outubro deste ano e de 2015.  Durante o Consistório, o Papa Francisco demonstrou que deseja que a Igreja desenvolva uma nova pastoral familiar, “inteligente, corajosa e cheia de amor”.

           “Hoje, a família é desprezada, é maltratada, pelo que nos é pedido para reconhecermos como é belo, verdadeiro e bom formar uma família, ser família hoje; reconhecermos como isso é indispensável para a vida do mundo, para o futuro da humanidade”, disse em seu discurso de abertura dos trabalhos do Consistório.

Pesquisa brasileira também foi analisada no Consistório

        A pesquisa brasileira também faz parte do documento analisado pelos cardeais e bispos. O documento, que reúne as respostas das famílias brasileiras, foi enviado pela Comissão para a Vida e a Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Segundo um dos organizadores da pesquisa, padre Rafael Cerqueira, a pesquisa foi feita com uma amostragem escolhida pelas dioceses brasileiras.

Confira entrevista com o Pe. Rafael Fornasier sobre os resultados da pesquisa brasileira para o Sínodo dos Bispos

 

        A III Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo dos Bispos, convocada pelo Papa Francisco para 5 a 19 de outubro, vai analisar os resultados das pesquisas feitas com leigos de todas as dioceses do mundo. O objetivo é detectar os principais desafios para a evangelização das famílias no contexto atual. A assembleia vai contar com a participação de bispos representantes das Conferencias Episcopais, além de sociólogos, antropólogos e médicos especialistas em questões ligadas a família. ALETEIA entrevistou o  Pe Rafael Cerqueira Fornasier, assessor nacional da Comissão E. P. para a Vida e a Família da CNBB, que organizou o documento enviado ao Vaticano com os resultados da pesquisa nas dioceses brasileiras. Confira a entrevista.

       Qual foi a metodologia adotada nas pesquisas feitas no Brasil?

        Assim que a presidência da CNBB recebeu o comunicado da Secretaria do Sínodo, ela se dirigiu aos bispos do Brasil, a fim de que as nossas Igrejas particulares dessem sua contribuição, pedindo que o Documento preparatório fosse estudado em todas as Dioceses, nas Paróquias, Comunidades, Institutos Superiores de Formação, Seminário etc. Orientou-se também para que cada Igreja particular realizasse uma síntese das respostas e observações e a enviasse ao Secretariado Geral, para que este, por sua vez, pudesse sintetizar as contribuições vindas das Igrejas particulares e enviá-la à Secretaria do Sínodo, que procederá, então, à elaboração do Instrumentum laboris (documento de trabalho) para o Sínodo extraordinário. Contudo, muitas foram as contribuições de paróquias, grupos, padres e leigos enviadas diretamente.

           Pode nos informar os números de leigos que participaram e as parciais, porcentagens?

          Não temos como mensurar, em números exatos e em porcentagem, a participação dos leigos na elaboração das respostas ao questionário. Contudo, os textos enviados, quase na sua totalidade, indicavam que a metodologia de trabalho empregada na diocese ou na comunidade paroquial, envolveu os leigos: membros da Coordenação de Pastoral da Diocese, dos Conselhos Paroquias de Pastoral, de várias pastorais, movimentos, serviços etc.. Contou-se, quase sempre, com uma significativa contribuição da Pastoral Familiar e de tantos outros movimentos e serviços familiares na realização de um trabalho conjunto com o clero. Ou seja, embora não se tenham números exatos, percebeu-se ampla e significativa participação na elaboração das respostas ao questionário.

A CNBB pretende fazer uma ação de evangelização local a partir do resultado?

           Não há dúvidas que as respostas ao questionário, que foram enviadas à CNBB e que continuam sendo enviadas, constituem um importante material de trabalho para o futuro da ação evangelizadora no âmbito da família. No entanto, como nesta fase de preparação para o Sínodo, o objetivo foi de realizar um levantamento das diversas situações elencadas no questionário, elaborando assim o status quaestionis, será necessário avançar juntamente com a Igreja universal, através dos trabalhos desse Sínodo extraordinário e do Sínodo ordinário em 2015, a fim de se tirar conclusões acertadas que orientarão o trabalho da Igreja no Brasil e no mundo com e em favor da família.

           O resultado surpreendeu a Comissão?

           Quanto à participação das Igrejas particulares, o resultado, de fato, é extremamente significativo. Houve uma participação bem maior do que a do Sínodo sobre A Nova Evangelização para a Transmissão da Fé. Quanto às respostas, deve-se salientar a grande convergência do conteúdo das mesmas.

Diante das respostas, na sua opinião, qual seria o maior desafio para a evangelização das famílias no Brasil?

          É sempre difícil apontar o “maior desafio” para a evangelização da família de forma genérica, pois há muitos desafios, variáveis em função das idades, das regiões e das situações das próprias famílias. Contudo, poder-se-ia dizer que temos diante de nós a grande missão de continuarmos apresentando a Boa-Nova da família às crianças, aos jovens e aos adultos como uma proposta que responde, mais adequadamente, aos anseios profundos do coração do homem e da mulher e às suas necessidades pessoais e sociais, de modo criativo, atraente, convincente e alegre.