sábado, 9 de agosto de 2014

Carta de um Pai para seu filho…

Escrever sobre pai é sempre complicado. Talvez seja porque muitas vezes não os compreendemos. Talvez seja porque não damos o devido valor que eles merecem.

Mas a verdade é que ser pai é uma grande responsabilidade e um grande compromisso com o futuro.

É preciso entender todo o mistério e toda a magia que o pai carrega em seus ombros. Seu papel na construção da família não pode e não deve ser passivo.

O pai é o alicerce que sustenta toda a estrutura familiar. É ele o elo entre a razão e a emoção. Suas atitudes, seu modo de agir e, principalmente, seus exemplos são fundamentais na formação do caráter e do comportamento de seus filhos.

Em homenagem aos pais escrevi esta pequena crônica que se intitula “Carta de um pai para seu filho”.

Querido filho...

Hoje resolvi escrever tudo o que penso e tudo o que sinto por você. Esses dias atrás foi o dia dos Pais e só agora começo a compreender realmente o valor dessa data. Acho que estou ficando velho demais...

Eu sempre achei estas datas comemorativas tão comerciais, afinal para que um dia dos Pais se todos os dias deveriam ser dia dos pais, das mães, dos filhos, da família?

Mas não é bem assim que as coisas acontecem. O tempo passa e com ele a distância entre nós vai aumentando. Você se tornou um homem e parece que eu não vi você crescer.

Tento vagar pelas minhas lembranças e buscar onde foi que eu te perdi, mas não me lembro.

Lembro muitas coisas, como por exemplo, o dia do seu nascimento, quando eu te vi pela primeira vez e achei que eu já tinha realizado todos os meus sonhos.

Lembro-me do seu choro, das noites em claro, das dores na barriga. Lembro-me dos seus passinhos e de você começando a quebrar os enfeites da mamãe na estante.

E desde aquela época eu já sonhava seus sonhos. Imaginava você sendo astronauta, um grande médico, um cientista.

Lembro-me do seu primeiro dia na escola, seus desenhos, suas primeiras artes... sonhei que você seria engenheiro, professor, empresário de sucesso... Sei lá... foram tantos sonhos que eu até já me esqueci...

E você foi crescendo, crescendo... E olho para sua foto hoje e percebo que ainda continuo sonhando por você.

Que culpa tenho eu se só queria o melhor para você? Eu sei que muitas vezes fui um pai ausente, um pai chato e até mesmo um pai teimoso.

Trabalhei muito para poder dar o que acreditava ser o melhor para nossa família. Sei que não foi muito, mas fiz o que podia. Juntei dinheiro para te dar estudo, conforto, um lar e acredito que consegui meu objetivo.

Mas tenha a certeza meu filho, que nunca, em momento algum, eu fiz alguma coisa que eu achasse que seria prejudicial a você, mesmo que você não entendesse naquele momento.

Eu sei que você queria ir às festas, nas baladas, sair tarde da noite sem hora para voltar. E muitas vezes eu disse não. Mas filho compreenda meus medos, meu temores, minha aflição. Eu só ouvia notícias de violência, de acidentes, de seqüestro. Eu tinha medo por você. Eu simplesmente queria te proteger.

Preocupava-me simplesmente porque te amava...

É estranho escrever que te amo e perceber que nunca tive a coragem de te dizer isso pessoalmente.

Quis ser seu herói como meu pai foi para mim, mas me esqueci de te perguntar se você me queria como herói. Quis ser seu protetor, mas esqueci de te falar que isso era por amor. Quis ser seu pai e esqueci-me de ser seu amigo.

E agora o tempo passou! Já não sei se posso te abraçar, te beijar, te dizer que te amo. Sinto falta de tudo isso agora.

Mas filho esteja você onde estiver, espero que você esteja feliz. Sei que você hoje tem família, compromissos, afinal você é muito importante.

Faz muito tempo que não te vejo. Sinto-me só aqui. Talvez um dia você tenha tempo de me visitar. Enquanto isso eu fico aqui te esperando e te amando, como sempre te amei... Seu pai.

Acho que não preciso dizer mais nada. Ponto final.

Obs: Este artigo foi publicado na Revista OPs! - 5ª Edição - Agosto/2012

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